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domingo, 12 de agosto de 2018

Criança: qual o seu lugar na igreja?

“Deixem vir a mim os pequeninos...” Mc 10.14

O próprio Jesus Cristo nos ensina que as crianças têm seu lugar no Reino de Deus. A maioria das comunidades cristãs tem valorizado as crianças, mas tenho percebido muitas dúvidas de como proceder com as crianças durante os cultos, pois elas muitas vezes “atrapalham”; não tem paciência para escutar a mensagem. Como proceder com esta questão?

Muitas comunidades têm um programa próprio para as crianças, em horário separado dos cultos; outras têm o programa no mesmo horário; outras, ainda, têm os dois tipos de programas. Assim, achamos que nossas comunidades fazem sua parte com relação às crianças. Mas você consegue perceber que existe um problema nesta mentalidade?

Em primeiro lugar, por que achamos que o culto é para os “adultos”? O culto é a reunião de todos os cristãos. A criança também faz parte da comunidade. Ela não é um adulto em miniatura ou alguém que futuramente fará parte da comunidade. Muitas crianças já tomaram uma decisão por Jesus e segundo João 1.12, fazem parte da família de Deus. Assim como Jesus recebe as crianças, nossos cultos devem ter suas portas abertas para ela. E isso significa: cumprimentá-la quando chega, assim como se cumprimentam os adultos. Isso significa que ela pode ter tarefas na igreja, de acordo com sua maturidade. Significa que ela deve ser valorizada assim como é HOJE.

Como seres humanos, as crianças são iguais aos adultos. Têm as mesmas necessidades de salvação, de arrependimento, de proteção, de cuidado. O que diferencia então uma criança de um adulto? A idade! Parece óbvio, mas a idade faz toda diferença. Significa que a linguagem, a forma que usamos para comunicar o evangelho no culto não é atrativa para as crianças. Na maioria das vezes, elas não conseguem compreender o que está sendo dito e tem um tempo de concentração pequeno. É normal que vão ficar inquietas, que os bebês vão fazer barulho... (Paciência! Também já fomos crianças!).

Mas o que representa maior perigo é: qual o conceito de igreja que estas crianças vão ter? “Igreja é uma coisa muito chata! Não quero ir lá!” Num mundo em que elas estão acostumadas a interagir com tudo, precisamos mostrar que a igreja é um local divertido, legal de se estar, com pessoas que a amam, a recebem e se importam com elas.
Se não houver uma programação adequada para a criança, em uma linguagem adequada e de uma forma que ela compreenda, não haverá crescimento da fé da criança. E isso significa, em última análise, que estamos impedindo as crianças de virem a Jesus, assim como os discípulos fizeram (Mc 10.13).
Ter um programa para as crianças separado dos adultos a princípio é uma alternativa. Mas o problema é que nós a separamos da comunidade. 

Fazendo um programa alternativo, estamos excluindo as crianças da comunhão do corpo. Precisa-se tomar o cuidado de não excluí-la totalmente da comunhão. O ideal seria as crianças participarem no culto durante seu o início, no período de louvor, onde ficam com seus pais (isso mesmo: os PAIS são responsáveis por ela durante o culto, e não os professores); e depois, na hora da mensagem, cada qual ouve a Palavra na sua linguagem. Isso precisa ficar claro para a criança: ela não está sendo deixada de lado, ou não está saindo porque “atrapalha”, mas porque vai ouvir a Palavra na sua linguagem. Ideal mesmo seria ter um plano de pregações integrado com o programa das crianças. E por que não fazer deste momento algo especial, como algumas comunidades têm feito, chamando-as para frente, orando com elas e explicando sobre o que elas irão aprender, para que os pais possam interagir com elas em casa.

Totalmente errado seria que as crianças saíssem do culto somente para brincar ou fazer outros tipos de atividade que não tem a Palavra como centro. Isso reforça ainda mais a ideia de que elas “atrapalham” o culto e estamos nos tornando tropeço para a fé das crianças. Não podemos perder a oportunidade de anunciar a Palavra! Caso na comunidade não haja estrutura para oferecer um culto infantil paralelo, ou por algum motivo não houver alguém para levar a mensagem para as crianças esporadicamente, o mais apropriado seria as crianças ouvirem a mensagem ao lado dos seus pais no culto. Por dois motivos: elas fazem parte da comunidade e precisam aprender que a igreja é o local onde se vai para aprender da Palavra. Mas volto a destacar: o ideal é que as crianças tenham a mensagem na SUA linguagem.
Exceção para esta regra seriam apenas os bebês, que deveriam contar com uma sala de apoio em cada comunidade. De preferência, que nesta sala tivesse som para os pais ouvir a Palavra, ou então que houvesse um ministério específico para trabalhar com os bebês. Eles também podem (e devem!) ouvir a Palavra de acordo com suas características.

As comunidades precisam olhar também para os voluntários que fazem este trabalho. Investir na capacitação deles, para que melhor estejam preparados para servir às crianças. Muitas vezes acontece que eles precisam se sobrecarregar, porque faltam pessoas. Cada um deve assumir de acordo com seus limites. E no dia em que não tiver ninguém, as crianças permanecem no culto com os pais, até que se despertem mais pessoas para este importante ministério, que muitas vezes fica abandonado! Não podemos pensar que estaremos “perdendo o culto” para estar com as crianças, mas sim que fazemos parte de um ministério maior que nós mesmos, pois estamos ganhando crianças para Cristo! E podemos aprender muito preparando uma história para as crianças também!

Para refletir: Por que a comunidade não pensa em programar um culto da família? Um culto em que pessoas de diferentes idades possam se sentir parte da comunidade! Se conseguirmos transmitir a Palavra de forma que uma criança entenda, então podemos crer que todos a entenderão. A mensagem deve ser adequada para que TODOS compreendam. Não precisa ser todo domingo, mas de acordo com as possibilidades de cada local. As próprias crianças poderiam programar um culto! Acho que elas iriam amar a ideia! E os adultos iriam aprender muito com elas também!

Joseane Elisa Mueller Dutra 
Missionária do Departamento Infantil da MEUC

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