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sexta-feira, 22 de abril de 2011

Como Achar o Mapa da Vontade de Deus - por Henry Blackaby e Claude V. King

Somos pessoas que "fazem". Sempre queremos estar fazendo alguma coisa. Por isso, a ideia de fazer a vontade de Deus empolga muita gente. De vez em quando, ouvimos alguém dizer: "Não fique aí parado; faça alguma coisa". O problema é que a maioria das pessoas e das igrejas está tão ocupada tentando ajudar Deus a executar seus propósitos, que ele não consegue manter a atenção delas por tempo suficiente para mostrar-lhes o que ele realmente quer que façam. Geralmente nos desgastamos realizando coisas que, no fim, têm muito pouco valor para o Reino.

Creio que Deus está clamando e gritando para nós: "Não encham o tempo de vocês fazendo ‘alguma coisa’ só para não ficarem parados. Parem um pouco! Estabeleçam um relacionamento de amor comigo. Procurem conhecer-me. Ajustem sua vida a mim. Deixem-me amá-los e revelar-me à medida que faço minha obra por seu intermédio". Chegará um tempo em que ele nos chamará a “fazer”, mas não podemos pular o relacionamento. O relacionamento com Deus precisa vir primeiro.

Jesus disse: "Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer" (Jo 15.5). Você crê nele? Sem ele, você nada pode fazer. Isso é sério. Se você está num período infrutífero hoje, pode ser que esteja tentando fazer sozinho coisas que Deus não iniciou.

Observe o que Jesus disse a respeito daqueles que ficaram exaustos tentando fazer as coisas com o próprio esforço: "Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve" (Mt 11.28-30).

Um jugo é um instrumento feito para que dois bois trabalhem juntos. O convite de Jesus é para que você entre com ele no jugo em que ele já está – ou seja, que se envolva na obra dele (obra de Deus). Quando você atua onde ele já está atuando, ele realiza sua obra com você e por seu intermédio de tal forma que o jugo se torne suave, e o fardo, leve.

Deus está interessado em um relacionamento de amor 

O plano de Deus é ter um relacionamento de amor com você. Temos problemas quando pedimos que ele nos diga se devemos ser um empresário cristão, um diretor de música, um diretor de escola, um pastor ou um missionário. Ou quando queremos saber se ele nos quer em nosso próprio país, no Japão ou no Canadá. Normalmente, Deus não dá uma tarefa permanente e deixa você lá para sempre. Sim, você pode ser colocado em um trabalho no mesmo lugar por um longo período; mesmo assim, porém, receberá tarefas específicas de Deus todos os dias.

Ele chama você para um relacionamento em que ele é o Senhor – em que você deve se dispor a fazer e ser qualquer coisa que ele escolher. Se fizer isso, Deus poderá levá-lo a fazer e ser coisas que você jamais imaginou. Porém, se não segui-lo como Senhor, você poderá ficar preso a um trabalho ou a uma tarefa e perder aquilo que Deus queria fazer por seu intermédio. Já ouvi pessoas dizendo coisas do tipo: "Deus me chamou para ser... Por isso, essa outra coisa não pode ser da vontade dele". Ou: "Meu dom espiritual é... Por isso, esse ministério não pode ser a vontade de Deus para mim".

Deus nunca lhe dará uma tarefa sem, ao mesmo tempo, capacitá-lo para concluí-la. É exatamente isso que constitui um dom espiritual: a capacitação espiritual para executar uma tarefa dada por Deus.

Entretanto, você não deve concentrar a atenção em seus talentos, habilidades e interesses para descobrir a vontade de Deus. Já ouvi muitas pessoas dizerem: "Eu realmente gostaria de fazer tal coisa; portanto, essa deve ser a vontade de Deus para mim". Esse tipo de resposta procede de um coração centrado em si mesmo. Ao invés disso, devemos centralizar-nos em Deus.

Um coração centrado no Senhor tem uma resposta mais ou menos assim: "Senhor, farei qualquer coisa que teu reino exigir de mim. Aonde quer que o Senhor deseje que eu vá, eu irei. Sejam quais forem as circunstâncias, estou disposto a seguir-te. Se o Senhor quiser suprir uma necessidade por meu intermédio, sou teu servo; farei qualquer coisa que for necessária".

O fazendeiro era meu mapa 

Durante 12 anos, fui pastor em Saskatoon, no Canadá. Certo dia, um fazendeiro me disse: “Henry, venha visitar-me na minha fazenda”.

Ele explicou o caminho mais ou menos assim: "Ande meio quilômetro depois que sair da cidade e verá um grande celeiro vermelho à esquerda. Entre na outra estrada e vire à esquerda. Siga nessa estrada por um quilômetro e verá uma árvore. Entre à direita e ande uns seis quilômetros e então verá uma rocha grande..." Anotei todas as instruções e um dia fui lá!

Na outra vez em que fui à casa do fazendeiro, ele estava comigo no carro. Uma vez que havia mais de um caminho para se chegar à sua casa, ele poderia ter-me levado pelo caminho que quisesse. Dessa vez, não precisei das explicações que havia anotado. Veja, ele era o meu "mapa". O que eu tinha de fazer? Tinha apenas de prestar atenção ao que ele falava. Toda vez que ele dizia: "Vire", eu fazia exatamente conforme o que dissera. Ele me levou por um caminho pelo qual eu nunca havia passado antes. Provavelmente, eu não conseguiria refazer o caminho sozinho. O fazendeiro era o meu "mapa"; ele conhecia o caminho.

Jesus é o seu caminho 

Geralmente, as pessoas fazem as seguintes perguntas quando querem conhecer e fazer a vontade de Deus: "Senhor, o que queres que eu faça? Quando o Senhor quer que eu faça? Como devo fazer? Onde devo fazer? Qual será o resultado?"

Não é assim que quase sempre fazemos? Queremos que Deus nos dê um "mapa" detalhado. Dizemos: "Senhor, se me disseres para onde estás me dirigindo, eu poderei preparar meu rumo e caminhar para lá".

Mas ele diz: "Você não precisa definir seu destino final agora. O que você deve fazer é seguir-me, um dia de cada vez". Precisamos chegar ao ponto de respondermos a Deus assim: "Senhor, dize-me apenas o que devo fazer, um passo por vez, e eu te seguirei".

Quem é que realmente sabe o caminho para você realizar o propósito de Deus para sua vida? Deus! Jesus disse: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida" (Jo 14.6).

•  Ele não disse: "Vou mostrar-lhe o caminho".
•  Ele não disse: "Vou dar-lhe um mapa".
•  Ele não disse: "Vou dizer-lhe a direção a seguir".
•  Ele disse: "Eu sou O caminho". Jesus conhece o caminho; ele é o seu caminho.

Se você fizer tudo o que Jesus lhe fala, um dia de cada vez, sempre estará bem no centro de onde Deus quer que você esteja. Você consegue confiar em Deus para guiá-lo dessa forma? Talvez, você ache que devemos esperar até que ele nos dê todos os detalhes antes de começar a dar passos práticos para segui-lo. Mas esse não é o padrão que vemos na vida de Jesus ou nas Escrituras.

Deus gostaria muito mais que sua resposta fosse esta: "Sim, estou pronto a seguir Jesus, um dia de cada vez, pois assim estarei bem no centro de sua vontade para minha vida". Quando você chega ao ponto de confiar em Jesus para guiá-lo passo a passo, você começa a experimentar uma nova liberdade. Se não confiar que Jesus o guiará dessa forma, o que acontecerá quando não souber o caminho a seguir? Ficará preocupado cada vez que tiver de enfrentar uma encruzilhada. Pode ficar paralisado, não conseguindo tomar uma decisão. Deus não planejou esse tipo de vida para você.

Descobri, por experiência própria, que posso entregar o controle e a direção da minha vida para Deus. Depois, só preciso prestar atenção e cuidar de cada instrução que ele me dá, um dia de cada vez. Ele me dá mais do que o suficiente para preencher cada dia com sentido e propósito. Se eu fizer tudo o que ele diz, estarei no centro de sua vontade quando ele quiser usar-me para uma tarefa especial.

Abrão seguiu um dia de cada vez 

Abraão é um bom exemplo desse princípio. Quando Deus o chamou, apenas disse: "Sai da tua terra" (Gn 12.1). Quantos detalhes Deus lhe deu? Somente isto: "Vai para a terra que te mostrarei". Foi tudo o que ele pediu que Abraão fizesse. Deus prometeu fazer o resto. Você teria coragem de seguir a direção de Deus para sua vida com tão poucos detalhes?
Deus também chamou muitas outras pessoas, assim como fez com Abraão, apenas para o seguirem. Dificilmente, ele lhe dará muitos detalhes de seu plano antes de você começar a caminhar em obediência; é mais provável que o chame para segui-lo, um dia de cada vez.
Em alguns casos, Deus dava mais detalhes do que em outros. Moisés, por exemplo, recebeu uma descrição maior de tarefa do que a maioria dos outros. Porém, em todos os casos, os indivíduos tiveram de permanecer próximos a Deus para receber direção diária. Para Moisés e os filhos de Israel, Deus dava direção diária por meio da nuvem durante o dia e do fogo durante a noite.
Para Pedro, André, Tiago, João (Mt 4.18-20,21-22), Mateus (Mt 9.9) e Paulo (At 9.1-20), Deus deu pouquíssimos detalhes sobre a tarefa que receberiam. Basicamente, ele disse: "Apenas me siga e eu lhe mostrarei". O que ele quer de você é isto: "Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal" (Mt 6.33,34).

Texto extraído do capítulo 3 do livro Experiências com Deus, por Henry T. Blackaby e Claude V. King, publicado no Brasil pela Bompastor Editora, Rua Pedro Vicente, 90, São Paulo, SP, 01109010. Contato com a Bompastor Editora pelo telefone (11) 3346 2000 begin_of_the_skype_highlighting              (11) 3346 2000      end_of_the_skype_highlighting ou pelo site www.bompastor.com.br. Usado com permissão.
Nota: Em breve, a Bompastor Editora lançará uma nova edição, revisada, deste livro. Aguarde!
por Henry Blackaby e Claude V. King

A Volta do Filho Pródigo - Leitura de Impacto - por Jesus Ourives

Dois holandeses separados por três séculos: Rembrandt – grande pintor barroco do século XVII – e Henri J. M. Nouwen – teólogo, escritor do séc. XX. O encontro desses dois homens acontece de maneira curiosa e interessante, e como resultado produz um livro pequeno – pouco mais de 150 páginas na sua versão em português – e impactante. É lindo, brilhante, profundo, pleno de experiências vividas pelo próprio autor, além de apresentar um dos mais categorizados comentários sobre a bela parábola de Lucas 15.
Henri J. M. Nouwen conta que no outono de 1983, numa cidadezinha francesa chamada Trosly, em visita ao escritório de uma amiga, ele viu um pôster reproduzindo o quadro “A volta do Filho Pródigo”, de Rembrandt, que “retratava um homem envolto num amplo manto vermelho tocando afetuosamente o ombro de um jovem andrajoso, ajoelhado diante dele”. Nouwen diz que não conseguia deixar de olhar para aquele pôster, atraído pela mensagem que aquela obra de arte lhe transmitia. Verificando o seu interesse pela obra, a sua amiga lhe perguntou se ele gostava. Respondeu que “é bonito, mais do que isso... dá-me vontade de chorar e rir ao mesmo tempo... não sei dizer o que sinto quando o contemplo, mas me toca profundamente”. Sua amiga lhe disse que era relativamente fácil adquirir uma reprodução como aquela em Paris, sugestão que ele aceitou. Tendo comprado o seu próprio pôster, passou a admirá-lo no seu próprio ambiente de trabalho.
Muita coisa aconteceu na vida de Henri antes e depois de ter admirado e adquirido o pôster do quadro de Rembrandt. Houve acontecimentos muito importantes na sua vida, culminando com a sua decisão de largar as cátedras que ocupava nas universidades americanas (Harvard, Yale e Notre Dame) e dedicar-se ao cuidado de pessoas deficientes e incapazes numa instituição chamada O Amanhecer (Daybreak), em Toronto, Canadá (essa é uma das noventa comunidades A Arca – instituição fundada pelo canadense Jean Vanier, e onde Nouwen passou os últimos anos da sua vida até 1996).
Antes de ir para Toronto, entretanto, Henri aceitou o convite de um casal de amigos para fazer uma viagem até a Rússia, e a sua primeira reação foi sonhar com a chance de poder contemplar o original do quadro de Rembrandt, conservado no Museu Hermitage em São Petersburgo desde que foi adquirido em 1766 por Catarina, a Grande. E então Henri Nouwen teve o privilégio de visitar o museu, e não só admirar o grande quadro do seu conterrâneo, mas deliciar-se durante mais de quatro horas com a observação da pintura original. Isso aconteceu porque o diretor do museu lhe proporcionou uma visita particular ao quadro, sem o atropelo dos demais turistas e visitantes.
Nouwen já tinha estudado a respeito de Rembrandt e do seu quadro favorito. Mas contemplar a obra original e sentir as diversas mensagens que os detalhes do quadro transmitem foi uma experiência única.
O resultado disso tudo é o livro “A Volta do Filho Pródigo”, que Henri Nouwen completou quatro anos após ter visitado o Hermitage.
O livro é de uma leitura realmente emocionante. O leitor acompanha o raciocínio do autor ao examinar e se deixar envolver pela obra de Rembrandt. Não sem razão, a edição brasileira traz na capa a reprodução do quadro “A Volta do Filho Pródigo”, porque o leitor é levado a parar a leitura do livro e voltar a contemplar os detalhes de que fala o autor, e sentir também o toque da mensagem da parábola.
Pelo que eu escrevi até agora, podem os leitores de IMPACTO concluir que o importante é a obra de Rembrandt ou o livro de Henri Nouwen, pensando que negligenciei a própria parábola de que fala o livro. Não, meus amigos, tanto o quadro do pintor holandês quanto o livro do autor holandês são sobre a grande e maravilhosa terceira parábola do capítulo 15 de Lucas. Já ouvi alguém dizer que o capítulo 15 de Lucas conta a história dos “perdidos” – uma ovelha perdida, uma moeda perdida e um filho perdido.
Na verdade a parábola do filho pródigo não é a história de um filho perdido, é a história de dois filhos perdidos. Um perdido, no que nós chamamos no jargão evangélico de “mundão”, e o outro também perdido, só que dentro de casa, dentro da igreja.
Penetrando profundamente na parábola, Nouwen se coloca, ele mesmo, primeiro como o Filho Pródigo, o filho mais moço, que esbanjou e perdeu tudo o que tinha, mas que não perdeu a consciência de que ele ainda era filho e tinha um Pai. Na pintura de Rembrandt, o jovem está praticamente sem nada, andrajoso e descalço, com a cabeça raspada, MAS conserva ainda a sua espada – único traço da pouca dignidade que lhe restava, mas que era um elo a ligá-lo à nobreza do seu Pai.
Depois disso, o autor se coloca na posição do Filho Mais Velho, o que não saiu de casa. Nascido e criado num ambiente cristão, irmão mais velho de uma família, obediente aos pais e aos professores, Nouwen se identifica também com o Filho Mais Velho, representado na pintura de Rembrandt numa cena que não é fiel à narrativa bíblica (o irmão mais velho não presencia o encontro do seu irmão mais novo com o pai), mas que de propósito está ali, de pé, como observador crítico, em quem se pode perceber o ciúme, a inveja, o ressentimento, sentimentos próprios de quem se considera “justo”, cuja incidência Jesus tantas vezes condenou nos fariseus da sua época.
Por fim o autor se coloca na posição do Pai e explica que essa é a vocação de todos nós. Mesmo que tenhamos nos desviado inicialmente indo para o mundo, ou que nos tenhamos desviado mesmo permanecendo em casa, nossa vocação é chegarmos à posição do Pai. A tendência dos filhos é que se tornem pais. E o Pai da parábola é todo amor, é todo carinho, todo ternura, todo amparo. O manto vermelho do Pai da pintura sugere as asas protetoras do pássaro fêmea, lembrando as palavras de Jesus em Mt 23.37-38 a respeito de como ele gostaria de proteger Jerusalém. Os olhos do Pai parecem fechados, como que não olhando para o que o filho fez no passado, e como na parábola de Jesus, esse Pai não faz perguntas nem exige um relatório. Ele só quer receber e abraçar os seus filhos.
“A pergunta não é ‘Como posso encontrar Deus?’, mas ‘Como me deixar conhecer por Deus?’ E finalmente a indagação não é ‘Como devo amar a Deus?’, mas ‘Como devo me deixar amar por Deus?’ Deus está olhando a distância, procurando por mim, tentando me encontrar e desejando me trazer para casa. Em todas as três parábolas que Jesus narra em resposta à questão por que ele come com os pecadores, ele põe ênfase na iniciativa divina. Deus é o pastor que vai à procura da ovelha perdida. Deus é a mulher que acende uma lâmpada, varre a casa e procura em todo o lugar pela moeda perdida até que a encontre. Deus é o pai que vigia os filhos e espera por eles, corre ao seu encontro, abraça-os, insiste com eles, pede e suplica que venham para casa”.
Henri J.M.Nouwen - A Volta do Filho Pródigo
São Paulo - Editora Paulinas - 2007

por Jesus Ourives

Adolescentes com uma Missão: Traduzir as Escrituras - Missões - por Luiz Montanini

O mundo possui hoje 7.148 línguas conhecidas, e destas, 4.215 não têm sequer uma página da Bíblia traduzida. Dos grandes desafios para a igreja atual, o de tornar a Palavra de Deus acessível a todo o mundo é um dos maiores. Felizmente, uma pequena nuvem de adolescentes corajosos começa a surgir no horizonte. Especificamente na Missão Horizontes, em Monte Verde, distrito de Camanducaia, no alto da Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais.

 Convictos deste chamamento, 49 jovens e adolescentes de várias regiões do Brasil e até do exterior têm respondido ao desafio de se tornarem tradutores das Escrituras e têm chegado à Horizontes América Latina dispostos a se colocar na brecha em favor das nações, sabendo que isto pode significar vinte anos de suas vidas ou mais em que ficarão reclinados sobre uma mesa, traduzindo as Escrituras para os milhões de sem-bíblias na Terra.

 Como lerão e crerão, se não há quem traduza as Escrituras? Estes jovens conhecem esta urgência e têm-se oferecido como soldados nas mãos de Deus para cooperar neste trabalho hercúleo.

 No início de março deste ano, a Missão Horizontes recebeu 11 adolescentes oriundos de diversas igrejas do Amapá que, somados a outros 25 de várias regiões do País que já estavam na base, em Monte Verde, MG, passaram a ser treinados com o objetivo de, em pouco tempo, começar a traduzir a Bíblia em outras línguas. Além desses, há mais 12 na Bolívia, numa segunda etapa do curso, e um na China, numa etapa avançada.

 "Estes quarenta e nove adolescentes têm entre 13 e 18 anos, estão em vários estágios da vida e do aprendizado, e nossa expectativa é transformá-los em cientistas de línguas", explica o líder da Missão, David Botelho. "Estamos desafiando-os a serem futuros tradutores da Bíblia, e eles estão respondendo ao chamado."

 Para isto, além da estrutura da Horizontes, Botelho conta com a ajuda de uma grande parceira em Cuiabá, MT, a Missão Wycliffe (de John Wycliffe, reformador e tradutor da primeira Bíblia para o inglês, hoje uma organização especializada em traduções).

 O projeto-piloto da Horizontes começou em 2002, com apenas dois adolescentes: Raquel Nápoli, de 14 anos, filha do pastor presbiteriano de Bragança Paulista, Marcos Nápoli, e Bruno Lucas, também adolescente, filho da missionária Iara Lucas.

 "A Raquel veio, ficou um ano na Missão, em Monte Verde, outro ano na Bolívia, foi para o País de Gales e hoje está na Índia, aprendendo a quarta língua, o hindi, e preparando-se para o curso de lingüística", lembra o entusiasmado David Botelho. "O Bruno está terminando este ano e vai pro Peru".

 O Peru, aliás, será país importante no projeto da Horizontes/Wycliffe. Os jovens treinados no Brasil (um ano) e depois na Bolívia ou outro país da América Latina (mais dois anos e um de estágio) saem com certificado de conclusão do ensino médio e ainda com bacharelado em missiologia. Depois serão enviados para um curso universitário de lingüística no Peru, que, normalmente, dura quatro anos. "Mas, como nosso pessoal já teve a preparação, precisará apenas de um ano. Serão cientistas de línguas ágrafas, que ainda não têm língua escrita", explica David Botelho.

 Adolescentes Têm Maior Capacidade de Aprender Línguas

 David Botelho, o líder da Horizontes, instituição conhecida por ações ousadas e radicais em favor da evangelização mundial (a revista e site Impacto e o site do Jornal Hoje publicarão em breve o perfil e testemunho da missão), conta que em suas viagens percebia a necessidade de traduções das Escrituras, mas não achava ajudador idôneo para esta obra. Até que seus olhos pousaram sobre os adolescentes, especialmente os brasileiros.

 "Fiz pesquisa e estudos – publicados no livro Revolution Teen - Adolescentes com propósitos, da Editora Horizontes – e descobri, por exemplo, que até os 25 anos de idade, a pessoa absorve 30% a mais no aprendizado de uma língua", informa. "Outra coisa que descobri – também provada cientificamente - é que quanto mais cedo se aprende uma língua, mais a massa cinzenta do cérebro cresce".

 David concluiu que os adolescentes e jovens brasileiros possuem as melhores condições para servir a Deus neste quesito. Ele está convicto de que Deus está levantando, a partir do Brasil, uma nova geração de missionários. "Uma geração mais bem preparada para aprendizado de línguas e com um desejo de ver a Palavra de Deus acessível a povos que, por séculos, foram esquecidos, até mesmo negligenciados, pela igreja".

 "Estamos vendo um avivamento teen no Brasil", afirma David Botelho. "É um avivamento silencioso (e justo em garotos barulhentos, tachados de aborrecentes por muitos adultos insensíveis). E estes meninos e meninas estão causando um impacto em pais, pastores e professores. Estes jovens estão com uma sede tão grande de Deus que querem algo mais, e por isso não têm medo de encarar desafios". O senso de responsabilidade destes teens tem surpreendido a muitos.

 O papel da geração ‘antiga’, por assim dizer, nesta visão, será também importante, lembra David. "A geração dos pais enviará famílias missionárias para todo o mundo, anunciará a salvação já conquistada por Cristo e ainda ajudará a preservar a cultura em muitos lugares do mundo".

 "Muitos antropólogos ateus dizem que os missionários estão acabando com a cultura, mas a realidade é que quando você coloca a língua escrita em uma cultura ágrafa, você está é preservando a cultura daquele povo".

 De 9 a 11 de dezembro de 2005, em uma reunião em Orlando, nos EUA, os líderes cristãos participantes chegaram à conclusão de que o maior potencial para evangelização mundial está entre os adolescentes. "E fico admirado que Deus esteja fazendo isto a partir do Brasil. E já temos visto e recebido adolescentes da Bolívia, e devem chegar da Colômbia, Alemanha e alguns países da África interessados nesta visão".

 Luiz Montanini faz parte do Conselho Editorial da revista Impacto. É jornalista, editor do site www.jornalhoje.com.br e reside em Valinhos, SP.

 Interessados em saber mais sobre o projeto, visitem o site www.horizontes.org.br, e-mail: teen@mhorizontes.org.br ou ligue fone 35 3438 1546 begin_of_the_skype_highlighting              35 3438 1546      end_of_the_skype_highlighting

 QUADRO

 TRADUZINDO A VISÃO

 - O Brasil é hoje o maior produtor de Bíblias do mundo.

 - Até os 25 anos de idade, a pessoa absorve 30% a mais no aprendizado de uma língua.

 - João Ferreira de Almeida, nosso primeiro e maior tradutor em língua portuguesa, iniciou seu trabalho de tradução aos 16 anos.

 - O grande avivamento morávio – que deu origem ao movimento missionário moderno – começou com uma pré-adolescente de 11 anos, Susana Kuehnel.

por Luiz Montanini

Aprendendo a Perdoar - por Corrie ten Boom

Foi numa igreja em Munique, onde eu estava pregando em 1947, que, de repente, o vislumbrei: um homem calvo, troncudo vestindo um sobretudo cinza, com um chapéu de feltro marrom amassado entre as duas mãos. Num instante, estava enxergando o sobretudo e o chapéu marrom; no instante seguinte, o uniforme azul, o quepe estampado com a caveira e as duas tíbias cruzadas, o rosto malicioso, lascivo, debochado.
Minhas lembranças do campo de concentração voltaram com rapidez e impacto: a sala enorme com as severas luminárias no teto, a pilha patética de vestidos e sapatos no centro, a vergonha de ter de passar nua diante desse homem. Pude ver o vulto frágil da minha irmã à minha frente, costelas quase furando o fino pergaminho da sua pele.
Betsie e eu havíamos sido presas por termos escondido judeus na nossa casa por ocasião da ocupação nazista da Holanda, durante a Segunda Guerra. Esse homem fora um dos guardas no campo de concentração em Ravensbruck, para onde fomos enviadas.
Agora, ele estava diante de mim, mão estendida: “Que bela mensagem, fräulein! Que bom saber, como disse, que nossos pecados estão todos no fundo do mar!”
Pela primeira vez, desde minha soltura, eu estava frente a frente com um dos meus algozes, e meu sangue parecia ter congelado.
“Você mencionou Ravensbruck na sua palestra”, ele dizia. “Fui guarda lá. Mas depois disso”, continuou, “tornei-me cristão. Eu sei que Deus me perdoou pelas coisas cruéis que cometi lá, mas eu gostaria de ouvi-lo da sua boca também. Fräulein”, com a mão estendida outra vez, “você me perdoa?”
Fiquei ali paralisada. Eu não podia fazer isso. Minha irmã Betsie morrera naquele lugar; será que ele podia apagar sua morte terrível e prolongada, simplesmente porque pedia perdão?
Eu achava que já perdoara a todos; pregava sobre isso por toda parte. Eu, o exemplo de perdão, não conseguia perdoar quando encarava meu ofensor em carne e osso.
Não podem ter passado mais do que alguns segundos, ele em pé com a mão estendida – mas para mim parecia uma batalha de horas, enquanto eu enfrentava a coisa mais difícil que tive de fazer em toda minha vida.
Eu não tinha opção – eu sabia disso. A mensagem do perdão de Deus possui um pré-requisito: que perdoemos a todos que nos feriram. “Se não perdoardes aos homens”, afirmou Jesus, “tão pouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (Mt 6.15).
Ainda assim, lá estava eu com o coração dominado por frieza. Entretanto, perdoar é um ato da vontade, e a vontade pode funcionar indiferentemente da temperatura do coração. “Jesus, ajuda-me”, supliquei silenciosamente. “Eu posso levantar minha mão. Pelo menos isso, posso fazer. Dá-me o sentimento depois.”
Então, sentindo-me um robô, coloquei minha mão mecanicamente na mão que me estava estendida. E, enquanto o fiz, algo incrível aconteceu. Uma corrente começou no meu ombro, correu pelo meu braço e saltou para nossas mãos unidas. Em seguida, esse calor restaurador parecia inundar todo o meu ser, trazendo lágrimas aos meus olhos.
“Eu te perdôo, irmão”, exclamei, “com todo o meu coração!”
Por um longo instante, seguramos a mão um do outro, o ex-guarda e a ex-prisioneira. Posso dizer que nunca experimentei o amor de Deus de forma tão intensa como naquele momento.
Testemunho publicado originalmente na revista “Guideposts”, 1972. A história de Corrie ten Boom foi relatada no famoso livro (e filme) “Refúgio Secreto”, de John e Elizabeth Sherrill, Editora Betânia.

por Corrie ten Boom