UM HOMEM, NA FILADÉLFIA, QUE HAVIA, HÁ OITO MESES, COLOCADO UM MARCA-PASSO, SENTIU UMA INTENSA DOR QUANDO KATHRYN IMPÔS SUAS MÃOS SOBRE ELE. DE VOLTA A CASA PERCEBEU QUE A CICATRIZ DA COLOCAÇÃO DO APARELHO TINHA SUMIDO. PROCUROU O MÉDICO QUE O ATENDIA E ESTE DETERMINOU QUE SE FIZESSE UMA RADIOGRAFIA E, AO VERIFICAR O RESULTADO DESTA, CONSTATOU QUE NÃO HAVIA MAIS NENHUM APARELHO, QUE O CORAÇÃO DO HOMEM FUNCIONAVA NORMALMENTE E ELE ESTAVA TOTALMENTE CURADO.
ELA ACREDITAVA EM MILAGRES PORQUE ACREDITAVA EM DEUS
Kathryn Kuhlman nasceu em uma fazenda da família, nas cercanias da cidade de Concórdia, estado do Missouri, nos Estados Unidos, aos nove de maio de 1907, filha de Emma Walkenhorst e de Joseph Kuhlman. Quando ela completou dois anos de idade, seu pai construiu uma grande casa na cidade e para lá se mudou com a família, vendendo a propriedade rural. Nesta época ela era descrita como uma menina ruiva de rosto grande e cheia de sardas… Na verdade, típica americanazinha de sua época. Mas já se destacava pela sua independência, autoconfiança e um enorme desejo de fazer as coisas à sua maneira.
Kathryn tinha quatorze anos quando viveu pela primeira vez a experiência do que se pode chamar de um novo nascimento. Ao longo de sua vida ela, por várias vezes, contou a história de como havia recebido e respondido a um chamado do Espírito Santo. Sua formação religiosa era a tradicional da época, muito mais espiritual e as igrejas às quais frequentara nunca faziam apelos para que as pessoas recebessem a salvação. A propósito desse dia muito especial, ela escreveu: eu estava sentada ao lado de minha mãe e os ponteiros do relógio indicavam que faltavam cinco minutos para o meio dia. Não me lembro o nome do pastor e nem de uma única palavra do sermão que dizia… Entretanto, alguma coisa aconteceu comigo naquele dia… E aquilo foi a coisa mais real que já me aconteceu em toda a minha vida. Eu senti que meu corpo começou a tremer de tal maneira que já não conseguia segurar o hinário e, por isso, eu o coloquei sobre o banco e chorei. Estava sentindo o peso de meus pecados e compreendi que era uma pecadora. Sentia-me como a menor e mais insignificante criatura em todo o mundo, embora fosse, apenas, uma garota de quatorze anos de idade. Saí de meu lugar e fui sentar em uma fileira de bancos à frente onde chorei muito…de repente, após o choro convulsivo, senti-me a pessoa mais feliz do mundo e que um pesado fardo deixava de pesar sobre os meus ombros. Experimentei algo que nunca mais me deixou, era uma pessoa nascida de novo e o Espírito Santo fez por mim exatamente o que Jesus disse que ele faria…
Naquele dia, ao voltar do culto, Kathryn encontrou-se com seu pai (ela era muito mais chegada ao pai que à mãe) e sorrindo lhe disse: Papai, Jesus entrou em meu coração… E o pai, sem que demonstrasse nenhuma emoção, respondeu-lhe simplesmente: Estou feliz por você. Ela resolveu frequentar, com o pai, a Igreja Batista, deixando de lado a Metodista, que era frequentada por sua mãe, embora nunca tenha tido a certeza de que o pai entendera o que tinha dito nem que tivera a experiência de um novo nascimento. Joseph Kuhlman na verdade, tinha grande aversão a pastores e nunca fizera questão de disfarçar sua antipatia. Só ia à igreja em dias de festas ou, algum tempo depois, aos cultos onde sua filha faria alguma apresentação especial. Era, apenas, um homem de negócios, não muito chegado à religião. Para Kathryn, entretanto, frequentar a igreja era tão importante quanto ir ao trabalho. Ela se movimentava com facilidade entre as várias denominações, tradicionais, pentecostais e até católica, razão pela qual seu ministério se tornou bastante ecumênico. Ela, entretanto, não se fixou em nenhuma dessas denominações e só deu créditos, em seu ministério, a Deus, nosso Pai. A ninguém mais.
Embora jovem, Kathryn aprendeu duas lições importantes: ter paciência na adversidade e não se entregar à autocomiseração. Bem mais tarde, muitas de suas mensagens foram baseadas em suas experiências pessoais de crescimento espiritual exatamente nessas áreas. Para ela, a autopiedade e o egoísmo tinham a mesma raiz. Assim, desde a adolescência, ela determinou em seu coração que nenhum desses sentimentos menores teria lugar em sua vida, independente do que lhe acontecesse. A propósito, ela escreveu: Tenha cuidado com a pessoa que não sabe dizer “eu sinto muito”, quer seja ela um membro de sua família, um colega de trabalho ou mesmo um funcionário seu. Você vai acabar percebendo que essa pessoa é muito egoísta. Essa é a razão porque você já me ouviu dizer dez mil vezes que a única pessoa que Jesus não pode ajudar, a única pessoa para quem não existe perdão de pecados é aquela que não diz: “Sinto muito pelos pecados que cometi…” Uma pessoa tão egoísta assim geralmente atrai doenças para si própria como se fosse um imã.
Ainda muito cedo em sua vida, Kathryn aprendeu queoegocentrismo, bem como todos os outros pecados a ele ligados, como a autopiedade, a auto-indulgência e, até mesmo, ter ódio de si mesmo levam a pessoa a fazer um juízo condenatório de si mesma. E isso impede a obra do Espírito Santo na vida dela. Ela sempre disse que qualquer pessoa poderia experimentar a atuação do Espírito Santo em sua vida, se essa pessoa estivesse disposta a pagar o preço. E, pagar o preço não é uma experiência única; começa com um compromisso, uma determinação de seguir a Cristo cada dia de nossa vida. Houve muitas vezes em que ela poderia ter escolhido não se submeter à disciplina do Espírito Santo. Contudo, felizmente para o corpo de Cristo dos dias de hoje, Kathryn Kuhlman fez a escolha certa e é um exemplo para todos nós.
O que será que mantém uma pessoa fiel ao seu chamado… A resposta que Kathryn dava, a essa questão, era, lealdade. Para ela a palavra lealdade tem bem pouco valor nos dias de hoje, pois ela quase não tem sido praticada. Trata-se de algo que não compreendemos. É como o amor – você só pode entender o amor quando o vê em ação. O amor é algo que você faz e o mesmo se dá em relação à lealdade. Significa fidelidade, significa sujeição, significa devoção. Em outras palavras, a verdadeira lealdade daqueles que são chamados para o ministério é expressa pela decisão deles de nunca se desviarem do chamado de Deus… Não acrescente nada a isso e nem tire nada disso – apenas obedeça. De acordo com Kathryn, quando as pessoas começam a se dedicar aos seus próprios interesses, a lealdade delas para com o Senhor volta para elas mesmas.
Ela dizia: Meu coração é firme, serei leal ao Senhor a qualquer custo, a qualquer preço. Lealdade é muito mais do que um interesse casual por alguém ou por alguma coisa. É um compromisso pessoal. Em última análise, significa dizer: aqui estou, pode contar comigo. Eu não o decepcionarei.
Esta era a resposta que ela sempre dava em relação à pergunta: o que será que mantém uma pessoa fiel a seu chamado.
Em dezembro de 1934, Kathryn viveu o primeiro e maior trauma em toda a sua vida. Seu pai sofreu um sério acidente. Ela se encontrava em Denver, no Colorado, e, mesmo em meio a uma forte nevasca pegou o carro e começou a difícil viagem até o Missouri. Dia 30 de dezembro, em meio à viagem, ela conseguiu ligar para a casa de seus pais para saber notícias e dizer que estava quase chegando. A notícia que ela recebeu, entretanto, foi a pior que poderia ter recebido. Seu amado pai tinha acabado de falecer, bem cedo, naquela manhã. Assim, com os olhos em lágrimas, ela seguiu dirigindo pelas estradas cobertas de gelo e chegou à casa. Seu pai já estava sendo velado. Ao ver o caixão, uma grande tristeza e um sentimento de ódio começou a crescer dentro dela, contra o rapaz que, sem nenhuma culpa, tinha atropelado seu pai, causando-lhe a morte. A este respeito, ela escreveu:
Eu sempre fui uma pessoa muito feliz e papai havia contribuído em muito para que eu fosse assim. Mas, agora, ele não estava mais comigo e em seu lugar ficaram estes estranhos sentimentos de medo e ódio… Sentimentos até então desconhecidos para mim. Meu pai era o pai mais perfeito que qualquer garota poderia ter. Para mim ele era alguém incapaz de errar. Ele era o meu ideal. Sentada ali, no banco de frente daquela pequena igreja Batista eu me recusava a aceitar a morte de papai. Um a um os membros da família se levantaram e se dirigiram para o local onde estava o caixão, para prestar a última homenagem. Eu fiquei sentada até que o encarregado do enterro se aproximou de mim e me disse – Você não gostaria de ver o seu pai mais uma vez antes que eu feche o caixão? De repente estava eu em pé, na frente da igreja, olhando firme para os ombros de meu pai… Meus olhos não se fixaram em seu rosto, mas em seus ombros… Aqueles ombros onde eu, muitas vezes, estivera debruçada. Inclinei-me sobre o caixão e coloquei minha mão suavemente sobre seus ombros.Tudo o que meus dedos acariciaram foram um monte de roupas… Tudo ali, dentro daquele caixão, era simplesmente descartável. Muito amado um dia, mas colocado de lado, agora, meu querido pai não estava mais ali. Aquela foi a primeira vez que o poder de Cristo ressurreto veio verdadeiramente sobre mim. De repente eu não tinha mais medo da morte e assim que o meu medo desapareceu, também o meu ódio se foi. Agora eu sabia que papai não havia morrido… Ele estava ali, vivo.
Kathryn retornou a Denver com um novo entendimento e uma nova compaixão. E, logo que ela voltou, seus amigos encontraram um prédio, reformaram e, em maio de 1935 o Tabernáculo do Reavivamento de Denver abriu suas portas, com uma enorme placa, com os dizeres: A oração muda as coisas. O auditório comportava duas mil pessoas sentadas e o nome do tabernáculo podia ser visto a enorme distância. Nos quatro anos seguintes, milhares de pessoas da região frequentaram as reuniões comandadas por Kathryn Kuhlman naquele local. Os cultos eram realizados todas as noites da semana, com exceção de segunda-feira. Aquele centro de avivamento logo se transformou em uma igreja organizada, contudo não era filiado a nenhuma denominação. Algum tempo depois começaram com escola dominical e colocaram ônibus para trazer as pessoas às reuniões. O grupo realizava, ainda, trabalhos em prisões e em casas de idosos. Pouco depois, Kathryn começou a apresentar um programa de rádio chamado “Sorria, Sempre!”
A vida de Kathryn Kuhlman passou por conhecidas turbulências. Algumas pessoas têm o hábito de destacar esses momentos difíceis que viveu, em lugar de analisar e destacar o todo de sua obra, coisa, aliás, que ainda acontece com alguma frequência. Ela se apaixonou por um homem casado, oito anos mais velho do que ela, um evangelista chamado Borroughs Waltrip. Este acabou se divorciando da esposa e a deixou, com dois filhos menores, mudando-se para a cidade de Mason City, Iowa e lá fundou a sua igreja e passou a transmitir um programa radiofônico, direto da própria igreja. Kathryn veio para a cidade para ajudá-lo a levantar fundos para o seu ministério. Ela chamava a Waltrip de Mister e não demorou para que o envolvimento romântico dos dois viesse a público. Amigos da cidade de Denver a aconselharam a não se casar com aquele homem, mas ela seguiu em frente. Em outubro de 1938 anunciou para a sua congregação em Denver que decidira unir seu ministério ao de Mister, em Mason City… E dois dias depois, ela casou-se com Waltrip em uma cerimônia considerada secreta. Kathryn acreditou na história muito bem contada por Mister, que dizia ter sido abandonado pela esposa. A maioria das pessoas, porém, tinha certeza de que o que aconteceu foi um terrível golpe do baú. Mister, falido e com muitas dívidas, amava mesmo era a extrema habilidade que tinha Kathryn de atrair pessoas,e levantar recursos financeiros.
Por causa dessa intempestiva união, a obra que Kathryn havia construído com tanto empenho durante os últimos cinco anos rapidamente se desintegrou e o rebanho se dispersou. Kathryn perdeu sua igreja, seus amigos mais chegados e o seu ministério. Até mesmo seu relacionamento com Deus foi prejudicado, pois ela colocou Mister Waltrip e seus desejos acima de sua paixão pelo Senhor. Kathryn Kuhlman, mostrou-se, na verdade, como uma mulher, um ser humano sujeito às mesmas tentações de qualquer mortal. Enfrentou olhares atravessados, preconceitos, rejeição e precisou de uma enorme fé e de uma determinação obstinada para consertar seu erro e restaurar seu ministério. As falhas que cometeu serviram para alertá-la para uma enorme revelação, que passou a ser percebida em sermões, a respeito de tentação, perdão e vitória. Isto, todavia, não se deu de um momento para outro. Afinal, foram seis anos de casamento com Mister, além de outros dois – um total de oito anos – para voltar a seu ministério em tempo integral e superar a crise interior que nela se instalara. Em uma das raras oportunidades em que falou a respeito daqueles anos, ela disse: Eu tive de fazer uma escolha; serviria ao homem que eu amava ou a Deus? Eu sabia que não poderia servir a Deus e continuar vivendo com Mister. Ninguém jamais conhecerá a dor de sentir-se morrendo como eu a conheço, pois o meu amor por ele era maior do que o meu amor pela própria vida. E, por algum tempo, creio que cheguei a amá-lo mais do que a Deus. Entretanto, finalmente, eu disse a ele que precisava deixá-lo, pois o Senhor nunca havia me liberado do meu chamado inicial. Não era só a questão de viver com ele, mas a de ter que viver com a minha consciência e o peso que o Espírito Santo colocava em mim era quase insuportável. Eu já estava cansada de ficar justificando a mim mesma.
Desde o momento em que em que Kathryn Kuhlman tomou a decisão de se separar daquele homem, deixar a triste situação para trás e retomar o seu ministério, ela não vacilou um só instante, nunca mais tornou a ver Mister e nunca mais se desviou do caminho que o Senhor havia preparado para ela. Kathryn teve a sua vida com Deus totalmente restaurada e as bênçãos de Deus voltaram à sua vida.
Em 1946 Kathryn foi convidada para ministrar uma série de reuniões no Tabernáculo do Evangelho, na cidade de Franklin, Pensilvânia. O local já era bastante conhecido e tinha capacidade para 1500 pessoas sentadas. Nas reuniões em que ela se apresentava, a presença do Espírito Santo era tão intensa que ela praticamente nem se lembrava dos últimos anos conturbados de sua vida. Naquela oportunidade, fim da segunda guerra mundial, um grande avivamento de cura divina estava no auge e curas maravilhosas aconteciam através do ministério de homens como Oral Roberts, William Branham e Jack Coe. Nessa época Kathryn orava para as pessoas receberem a salvação, mas já começava também a orar pelos enfermos e impor suas mãos para que fossem curados. Ela não se sentia muito à vontade com o termo curadores pela fé mas, mesmo assim, frequentava essas reuniões de cura na esperança de aprender mais a respeito desse fenômeno de Deus. Ela não tinha a menor idéia de que um ministério de cura iria conferir a ela fama internacional.
A partir do momento em que Kathryn viu na palavra de Deus que a cura divina estava à disposição do crente exatamente como a salvação, ela começou a entender o relacionamento do cristão com o Espírito Santo. Assim, em 1947 ela começou a ensinar sobre o Espírito de Deus. Algumas coisas que ela disse durante a primeira noite de ensino foram revelações até mesmo para ela. A segunda noite de reuniões foi uma ocasião muito significativa, quando uma pessoa ali presente deu o testemunho de que tinha sido curada em uma de suas reuniões… Uma mulher se levantou e contou que, enquanto Kathryn pregava na noite anterior, ela havia sido curada, sem que ninguém lhe impusesse as mãos e sem que Kathryn ao menos soubesse o que estava acontecendo. A mulher afirmou ter sido curada de um tumor e disse ainda que, antes de ir à reunião testemunhar, passou pelo seu médico para que ele confirmasse a sua cura. No domingo seguinte, após esse testemunho, um segundo milagre aconteceu. Um veterano da Primeira Guerra Mundial que, em virtude de um acidente industrial havia perdido a visão de um olho, atingido por um estilhaço de ferro quente e cujo segundo olho havia sido declarado legalmente cego, recuperou 85% da capacidade de visão do olho danificado e toda a visão do segundo olho.
Uma vez que curas e milagres começaram a aparecer, as multidões aumentavam no Tabernáculo, pois Deus começava a prosperar grandemente o ministério de Kathryn… Como o sucesso sempre atrai inveja, adversários se levantaram no sentido de enfraquecer a obra e o fluir do Espírito Santo no ministério dela. Um desses, M.J. Maloney, do Conselho Curador do Tabernáculo insistia que deveria receber uma porcentagem de toda a renda auferida, com o que não concordava Kathryn. O Tabernáculo foi lacrado e os amigos de Kathryn se reuniram, compraram uma velha pista de patinação e lá fundaram o Templo da Fé, com o dobro da capacidade do Tabernáculo. Grandes reuniões de cura divina continuaram sendo realizadas naquele ringue de patinação reformado e outros locais acabaram sendo inaugurados nas cidades vizinhas. Finalmente, o Espírito Santo havia encontrado um ministério que não iria tentar receber créditos nem comissão pelos Seus feitos e nem a glória pelos resultados maravilhosos de Sua operação. As curas aconteciam e se sucediam em qualquer lugar do auditório enquanto as pessoas estavam em seus assentos, olhando para o alto e focando sua atenção em Jesus.
Em 1950 um ministério mundial começou a se desenvolver, porém, alguns anos mais tarde, Kathryn, que havia se mudado para Pittsburgh onde viveu até a sua morte, afirmou que Deus não a havia chamado para construir igrejas e que seu ministério não poderia ficar confinado a algum prédio. Para ela, alguns, até, poderiam ser chamados para construir prédios, mas ela, com certeza, não era um deles. A Fundação Kathryn Kuhlman sustentava pastores nacionais em mais de vinte igrejas localizadas em campos missionários no exterior. Muitos a chamavam de pastora, por causa do amor e do respeito que tinham por ela, mas Kathryn nunca foi ordenada ao ministério e nunca se fixou em uma determinada igreja ou congregação. Ela caminhou sempre na simplicidade de ser apenas uma serva do Senhor. Um exemplo que ela buscou seguir foi o de Aimeé Semple Mc Pherson, fundadora da Igreja do Evangelho Quadrangular. Quando esta fundou o templo Angelus, no período de sua maior popularidade, Kathryn estava lá. Embora nunca tenha conhecido pessoalmente Aimeé, os efeitos de seu ministério marcaram Kathryn, embora houvesse diferença entre as duas. Aimeé ensinava que as pessoas deveriam buscar o batismo no Espírito Santo. Kathryn entendia que buscar esse batismo era uma prática que provocava divisão. Ela era Pentecostal, mas não fazia disso um ponto de debates.
As ondas curtas do rádio, antigamente, eram um meio potente de se comunicar com o mundo. E as mensagens de Kathryn foram ouvidas nos Estados Unidos e em muitos lugares além-mar através dessas ondas. A América mal podia esperar que seu programa começasse. Os programas não tinham tom religioso ou enfadonho. Suas palavras eram sempre de encorajamento aos ouvintes que se encontravam necessitados, doentes ou preocupados. Com frequência ela soltava uma risadinha, fazendo com que o ouvinte sentisse como se tivesse acabado de ter uma conversa pessoal com ela. No programa, se tivesse vontade de cantar, cantava; se tivesse vontade de chorar, chorava. Nunca seguia um roteiro pré-determinado. Mesmo após sua morte, seus ouvintes pediram e a Fundação Kathryn Kuhlman atendeu e seus programas gravados, por mais seis anos seguidos, foram retransmitidos por diversas emissoras de rádio. O mesmo ocorreu com seus programas de televisão que ficaram no ar oito anos após a sua morte, transmitidos semanalmente em rede nacional de televisão, nos estados Unidos.
Kathryn nunca pregava contra fumar ou beber bebidas alcoólicas. É óbvio que não defendia esses vícios, mas também se recusava a fazer distinção entre as pessoas. Além do mais, ela não gostava da maneira que alguns evangelistas ministravam sobre cura divina. Ela achava que o que faziam era errado e não suportava esse tipo de ministério. Jamais dizia que a doença era coisa do diabo e até evitava o assunto; preferia chamar a atenção do povo para o fato de que Deus era tremendo. Ela acreditava que se conseguisse voltar os olhos das pessoas em direção ao Senhor, todas as outras coisas se ajeitariam. No começo de seu ministério, Kathryn incentivava as pessoas a deixarem as suas denominações mas, com o passar do tempo ela mudou o seu modo de pensar e passou a orientar as pessoas no sentido de que retornassem às suas igrejas, para que pudessem se transformar em uma luz brilhante e uma força restauradora no meio delas. Os que a conheceram bem sempre afirmavam que a vida de Kathryn Kuhlman era de uma constante oração e busca do Senhor; diziam que, ainda que estivesse em viagem ela buscava um jeito de orar onde quer que estivesse.
É difícil, pela enorme quantidade, determinar quais os milagres realizados por Deus, através de Kathryn Kuhlman, foram mais marcantes. Para ela, os mais maravilhosos envolviam os que levavam a pessoa a experimentar um novo nascimento. Certa ocasião um garoto de cinco anos de idade, paralítico desde o nascimento, andou em direção à plataforma onde Kathryn se encontrava, sem a ajuda de ninguém. Em outra oportunidade, uma senhora, também confinada a uma cadeira de rodas havia doze anos, deixou essa cadeira e caminhou em direção à evangelista, sem ajuda e para espanto de seu marido. Um homem, na Filadélfia, que havia, há oito meses, colocado um marca-passo, sentiu uma intensa dor quando Kathryn impôs suas mãos sobre ele. De volta a casa percebeu que a cicatriz da colocação do aparelho tinha sumido. Procurou o médico que o atendia e este determinou que se fizesse uma radiografia e, ao verificar o resultado desta, constatou que não havia mais nenhum aparelho e que o coração do homem funcionava normalmente e ele estava totalmente curado. Em seus cultos era normal tumores e cânceres desaparecerem, cegos verem e surdos ouvirem, dores de cabeça, enxaquecas sumirem. É praticamente impossível enumerar os milagres que o ministério de Kathryn Kuhlman produziu através da fé e da Graça de Deus. Ela chorava de alegria quando via milhares de pessoas sendo curadas através do poder de Deus. Mas, nem todos eram curados e ela chorava, também, ao perceber que essas pessoas voltavam para casa sem a cura esperada. Ela nunca procurou explicar porque alguns eram curados e outros não. Ela cria, firmemente, que a responsabilidade era de Deus e que o papel dela era, apenas, obedecer. Mas, de qualquer forma, dizia que uma das primeiras perguntas que faria ao Pai, em sua chegada ao céu seria, por que uma são curadas e outras não?
Em agosto de 1952, Kathryn deveria pregar em uma tenda, a pedido de Rex Humbard, na cidade de Akron, Ohio. O culto começaria às onze horas da manhã mas, nas primeiras horas da madrugada, Humbard foi acordado por um policial que lhe comunicou que aproximadamente dezoito mil pessoas já se aglomeravam do lado de fora da tenda. Avisou Kathryn, que já estava acostumada ao fato de que as multidões sempre ultrapassavam a quantidade de lugares disponíveis e esta se propôs a começar o culto às oito da manhã e atender a todos os necessitados. Maude Aimeé, esposa de Rex Humbard, disse que Kathryn, sem demonstrar o menor cansaço, pregou àquelas pessoas até as duas e meia da tarde daquele domingo. Rex Humbard, mais tarde, iniciou um ministério televisivo e uma das maiores igrejas daquela época,entre 1960 e 1970. Com sua esposa, desenvolveu uma firme amizade com Kathryn Kuhlman que duraria por toda a vida.
Com todo o esforço em toda a sua ida missionária, Kathryn, um dia, recebeu um diagnóstico médico de que tinha o coração aumentado e um defeito na válvula mitral. Mesmo diante desse diagnóstico ela continuou com seu ministério, sem ao menos diminuir o ritmo, permanecendo totalmente dependente da direção que o Espírito Santo havia determinado para a sua vida.
Kathryn havia se tornado uma celebridade. Astros e estrelas de cinema vinham para suas reuniões. O próprio Papa concedeu a ela uma audiência particular no Vaticano. Seus livros eram recomendados por todos e autoridades das maiores cidades americanas ofereceram a ela as chaves de suas cidades. Ela chegou a receber uma Medalha de Honra no Vietnã, por suas contribuições aos americanos feridos naquela guerra.
O último culto de milagres realizado pelo ministério de Kathryn Kuhlman aconteceu no auditório Shrine, em Los Angeles, na Califórnia, no dia 16 de novembro de 1975. Apenas três semanas depois, Kathryn submeteu-se a uma cirurgia e chegou a ficar à beira da morte, no Centro Médico Hillcrest, na cidade de Tulsa, em Oklahoma. Ela já havia passado todo o controle de seu ministério para Tink Wilkerson, em quem confiava. Aliás, confiar foi o grande problema de Kathryn Kuhlman em toda a sua vida. As pessoas (inclusive o Mister, com o qual se casou) se aproximavam dela, ganhavam a sua confiança, mas, quase sempre, havia um interesse financeiro acobertado. Isto causou à evangelista uma enorme série de problemas e graves acusações, durante a sua vida. As pessoas que foram contrariadas em seus intentos, quer de salários mais altos, controle total das finanças a porcentagens absurdas que exigiam dela, ao serem demitidas ou afastadas, tornavam-se inimigas e faziam acusações as mais absurdas, que acabavam sempre encontrando eco aqui e ali. Afinal, quem não gostaria de fazer o seu nome em cima de uma pessoa famosa como ela? Mas, voltando à Kathryn no hospital, ela recebia regularmente a visita do casal Oral e Evelyn Roberts, uma das poucas pessoas que puderam ser recebidas por ela e que iam orar em seu favor. Em determinada ocasião, em lugar das orações dos amigos, Kathryn preferiu dizer à sua irmã que gostaria de voltar para casa. E ela, que foi a responsável por apresentar a toda uma geração o Ministério do Espírito Santo, finalmente realizou o desejo de seu coração. Na época chegou-se a comentar que o Espírito Santo, mais uma vez, desceu sobre ela, deixando o seu rosto iluminado. A enfermeira que estava em seu quarto disse ter notado que havia um brilho envolvendo a cama de Kathryn, proporcionando uma paz indescritível. E, às vinte horas e vinte minutos do dia 20 de fevereiro de 1976, aos sessenta e oito anos de idade, Kathryn partiu para estar com o Senhor.
Oral Roberts dirigiu o culto fúnebre, que foi realizado no Forest Lawn Memorial Park, em Glendale, Califórnia. O caixão de Kathryn Kuhlman foi enterrado no mesmo cemitério e distante apenas oitocentos metros de onde estava a sepultura de Aimeé Semple McPherson.
Kathryn Kuhlman foi uma jóia de raro valor. Seu ministério abriu caminho para que o Espírito Santo pudesse ser conhecido em toda a atual geração. Ela esforçou-se para nos mostrar como ter comunhão com Ele e como demonstrar a Ele todo o nosso amor. Ela teve o dom de nos mostrar o Espírito Santo como sendo nosso Amigo. E serão suas, as palavras finais deste resumo.
O mundo me chamava de tola por ter entregado minha vida completamente a Alguém a quem jamais eu vira. Entretanto, sei exatamente o que vou dizer quando estiver, finalmente, diante d`Ele. Quando eu olhar o maravilhoso rosto de Cristo, terei apenas uma coisa para lhe dizer: eu tentei. Eu dei a Ele o melhor de mim. Minha redenção terá sido completada quando eu estiver de pé, diante d`Aquele que tornou tudo isso possível.
(Com pesquisas na Internet e no livro “Os Generais de Deus”, de Roberts Liardon)